sábado, 8 de fevereiro de 2014

fevereiro é de carne e carne é de carnaval

naquele instante
o tato falou mais alto:

a polpa da mão deu
afago ao
cru da carne
e sussurrou
debaixo da cortina
de cílios 
segredos
de pele

tira-teima

se há uma parte tua 
que ecoa na gruta escura da garganta,
g r i t 
só pra ver se o mundo te imita 
só pra saber se o mundo te escuta

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

shiver



everything up








na
febre
de nossos
abraços
meus contornos
devoram
os seus

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

eu caio na rede

teus olhos negros
cor de asfalto
me fisgaram
como peixe
inundando
tudo o que era eu
mesmo estando fora
do mar

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

o tritão e a tempestade

o teu míssil azul
fez gris o chão de mares
ao derredor da costa,
derreteu calotas
e fez das geleiras
prisioneiras e servas
do teu anil olhar

nesse instante
meu riso
bravejava
trovoadas
e faíscas
por saber
que comandávamos
o céu, e que o céu
era somente
nós

sábado, 14 de dezembro de 2013

brisa


eu tô 
tentando
deixar livres os 
meus
i n s 
t i n 
t o s 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Helena

te carregarei
no âmago de meu ser
e seremos nós
uma apenas
ligadas
somente
pelo fio
condutor
de vida
ainda que
definitivamente
separadas pelo
impacto do parto


ainda assim
estaremos juntas
mesmo que na disjunção
de nossos corpos

a marca que carregarás
contigo denunciará
nosso eterno elo
invisível
nesse  teu chamado centro,
nesta abrupta particularidade,
numa dessas tuas marcas
chamada umbigo