quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

o tritão e a tempestade

o teu míssil azul
fez gris o chão de mares
ao derredor da costa,
derreteu calotas
e fez das geleiras
prisioneiras e servas
do teu anil olhar

nesse instante
meu riso
bravejava
trovoadas
e faíscas
por saber
que comandávamos
o céu, e que o céu
era somente
nós

sábado, 14 de dezembro de 2013

brisa


eu tô 
tentando
deixar livres os 
meus
i n s 
t i n 
t o s 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Helena

te carregarei
no âmago de meu ser
e seremos nós
uma apenas
ligadas
somente
pelo fio
condutor
de vida
ainda que
definitivamente
separadas pelo
impacto do parto


ainda assim
estaremos juntas
mesmo que na disjunção
de nossos corpos

a marca que carregarás
contigo denunciará
nosso eterno elo
invisível
nesse  teu chamado centro,
nesta abrupta particularidade,
numa dessas tuas marcas
chamada umbigo

desafeto

este 
sabor meio
amargo da  boca
que ficou depois
daquele meio fio
de palavra
que a gente trocou
outro dia
me deixou 
com uma 
vontade dandada
de te dizer:

vai tomar 
no centro 
do seu
cu

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

carnunavalis

deixe meu
corpo no
seu
nu

corpo teu
meu nu
seu

no
meu
corpo eu
e o teu no eu
do meu

toque teu me toca
e eu tonta toco
teu toque

nossos
nus nos confundem
e nossos toques se
fundem

saudade

a morte não é
um adeus, 
senão um 
até breve.

"Ver-nos-emos um dia
náufragos ou cegos
como animais da sombra.
Está escrito. 
Na latitude total
da manhã
na aurora trazida pela noite. 
Ver-nos-emos na palavra
de instantânea luz
gerada
no resíduo vivo
do amor.
Ver-nos-emos 
tu no meu corpo
e eu no teu
para celebrarmos
o regresso 
da súbita apetência
da vida
que um dia 
um anjo nos ofereceu."


ana marques gastão

si mesmo

um grito difuso
se perde no vazio de dentro,
ecoando:
"ser
 só
 si."